sexta-feira, 29 de junho de 2012

Reunião com Prefeito Municipal de Taquara (RS)

A problemática da preservação do patrimônio cultural de Taquara foi abordado em reunião com o Prefeito Municipal, Délcio Hugentobler, por representantes da Defender: presidente Telmo Padilha, delegados regionais Alex Juarez Müller (Taquara) e Jorge Luis Stocker Júnior (Vale do Sinos).

Abordou-se as fragilidades da tutela legal do patrimônio cultural do município. Considerando serem de propriedade do poder público, foi sugerido que o sr. Prefeito realizasse o tombamento do Paço Municipal e da Casa Vidal.

Quanto a Casa Vidal, cuja degradação é evidente, a Defender disponibilizou-se a realizar o processo de recuperação, através de termo de cooperação com a Prefeitura. A Prefeitura anunciou que uma proposta de traba­lho será apresentada pela Defender ao Executivo no prazo de 15 dias.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Reunião em Taquara em defesa da Casa Vidal

TAQUARA - O presidente da Defesa Civil do Patrimônio Histórico - Defender, Telmo Padilha Cesar e os delegados regionais Alex Juarez Müller (Taquara) e Jorge Luís Stocker Junior (Campo Bom - Vale dos Sinos e Encosta da Serra), foram recebidos pelo prefeito Délcio Hugentobler e pela diretora de Desenvolvimento, Edna Fischborn, na sexta-feira (22/06), a fim de tratarem sobre a revitalização da Casa Vidal.

Uma proposta de trabalho será apresentada, dentro de 15 dias, ao Município, pela OSCIP Defender e, caso, a empresa participante da licitação não esteja apta, a proposta da Defender será analisada pela Prefeitura. "Conhecíamos somente uma proposta de revitalização, agora conhecemos outra bem diferente", ressalta o prefeito. O presidente da Organização, Telmo Padilha, disse que o trabalho realizado pela instituição é reconhecido em todo País. "Nosso trabalho como organização da sociedade civil do patrimônio, nos oferece credibilidade em todos os cantos do mundo, não havendo nada que nos impeça de desenvolvermos nossas atividades", afirmou, agradecendo a recepcionalidade do Executivo.


Magda Rabie
Assessoria de Imprensa

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Encontro de debate em Rolante (RS)

No dia 02/06 foi realizado primeiro encontro para debater a preservação do patrimônio cultural de Rolante. O evento foi realizado nas dependências da Sociedade Carlos Gomes.
Intermediaram o debate o acadêmico de arquitetura Jorge Luís Stocker Junior e o historiador Alex Juarez Müller, integrantes de núcleos regionais da Defender.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Carta aberta - demolição da Pensão Jaeger, Taquara (RS)

Após sofrer um incêndio, a antiga Pensão Jaeger, prédio histórico de Taquara (RS), passou a ser alvo de um inquérito não no sentido de preservar a edificação, mas de demolí-la fatalmente, dando-se inclusive prazo para sua eliminação. Como contrapartida, quando eventualmente algum projeto se fizer no lote, foi sugerido pelo MP que se fizesse uma reconstrução.
 Buscando reverter este entendimento da Promotora do MP no município, o representante do núcleo regional da Defender Jorge Luís Stocker Jr. redigiu a carta aberta abaixo, divulgada também na imprensa de Taquara.


Exmª. Sra. Promotora de Justiça Ximena Ferreira

Venho como cidadão, por intermédio desta correspondência eletrônica trazer uma série de inquietações e colocações a respeito do caso da Antiga Pensão Jaeger, que se encontra em demolição em pleno sítio histórico de Taquara/RS.
Inicialmente, gostaria de me apresentar: não sou taquarense, sou cidadão de Campo Bom/RS, mas apaixonado pela cidade de Taquara, especialmente devido ao seu incomparável sítio histórico central. Sou acadêmico do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Feevale, onde também estou vinculado ao Laboratório de Teoria e História da Arquitetura e Urbanismo. Desenvolvemos pesquisas e projetos de educação no sentido de entender e valorizar o patrimônio cultural. Já participei de cursos de Extensão em Educação Patrimonial, em Metodologia de Projetos para Restauro e em diversos seminários e eventos. Sou associado da Defender, a qual represento dentro dos limites territoriais do Vale do Sinos e Encosta da Serra.
Conhecendo de longa data a importância da atuação do Ministério Público como aliado na busca do cumprimento das disposições legais em defesa do patrimônio cultural, e especialmente, o árduo e incansável trabalho de Vossa Exª. neste sentido, faço este contato receoso de que não haja tempo hábil para uma mudança de decisão – pois infelizmente só tomei conhecimento do pedido de demolição da Pensão Jaeger quando já havia um TAC assinado com esta promotoria e o prédio já encontrava-se em demolição.
Deixo, enquanto cidadão brasileiro que está se sentindo agredido em seus direitos com a demolição desta Pensão Jaeger, e verificando que este caso desmoraliza uma importante movimentação civil que eclode no município em prol da preservação do patrimônio edificado, os seguintes questionamentos:

1 – quanto ao eventual perigo de desabamento: não possuo no momento responsabilidade técnica para a emissão de um laudo dentro dos conformes. Em visitação in loco, no entanto, percebi que a edificação apesar de incendiada não apresenta quaisquer indícios de arruinamento das paredes. Procurei e não encontrei nenhuma patologia severa como rachaduras, fendas, esmagamento da alvenaria, cedência das fundações ou qualquer outro tipo de anomalia estrutural que comprove o eventual desabamento. Questiono se o técnico laudista tem capacitação específica para esta área de conservação e restauro de patrimônio cultural?

2 – considerando que há eventualmente a longo prazo qualquer risco de desabamento, questiono a não adoção da solução de ESCORAMENTO EMERGENCIAL. Trata-se ao meu ver da decisão mais prudente e barata, analisando prováveis morosidades que levariam a dificuldade de sua completa restauração em curto prazo. Este escoramento poderia tranquilamente ser feito na parte interna da edificação, reforçando os pontos onde hoje não existem, mas eventualmente poderiam manifestar algum risco de desabamento no futuro.
Friso que a estrutura até o momento em que a visitei no último sábado (02/06) contava com a amarração das paredes internas em boa parte e amarração geométrica da esquina chanfrada. Alerto que são exatamente as paredes internas que aparentemente estão começando a demolir, inserindo um risco até então inexistente na estrutura.

3 – Deveria se considerar o precedente e desmoralização que este caso abre para a preservação de qualquer outro bem cultural na cidade. Sempre será mais fácil incendiar, demolir e reconstruir uma réplica fetichizada do que buscar soluções para seu resgate.

Considerando-se, que realmente a conclusão do Inquérito tenha apontado através de seu laudo técnico esta equivocada necessidade, gostaria de questionar se foi devidamente consultado o órgão estadual IPHAE-RS – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado do Rio Grande do Sul, conforme convênio por este firmado com o Ministério Público.
Tal se justifica ainda sob as prerrogativas da Constituição Estadual e da Lei Estadual n.º 7.231, de 18 de dezembro de 1978, art. 3º. Seria indispensável para garantir a coerência da decisão e da compensação acertadas, pois estaríamos contando com laudos técnicos especializados e investidos de autoridade dentro desta área.

4 – gostaria, por fim, de deixar uma manifestação completamente contrária a demolição e mesmo a posterior reconstrução de uma réplica da Pensão Jaeger. Trata-se de algo completamente repudiado pelo meio acadêmico, por profissionais especializados na área de Conservação e Restauro e em suma, por qualquer órgão de preservação. As réplicas são aceitas como bom termo em casos específicos e raríssimos, sempre com o cuidado de não abrir precedente. Sabemos que o patrimônio cultural não se limita a uma imagem bonita, o que poderia ser reproduzido, a esmo, a qualquer momento, sem nenhum valor cultural; mas que existe toda dimensão documental que permeia sua materialidade.
É inexplicável a recomendação da construção de uma réplica quando se tem de forma impecável, mais de 90% do material original da obra em nossa frente. Tal caso poderá e já está a abrir tristes precedentes para o desmonte do restante do patrimônio cultural da cidade.

Gostaria por fim, de respeitosamente trazer a Vossa Exª. estes questionamentos e o pedido que, em respeito ao benefício da dúvida, PEÇA COM URGÊNCIA a emissão de um laudo especializado pelo órgão competente IPHAE-RS, conforme Termo de Cooperação do Instituto com o MP, bem como que este órgão deixe sua sugestão de compensação caso haja uma duvidável concordância com a necessidade de demolição.

Sei do envolvimento desta promotoria com a causa da preservação e penso que apenas assim teremos a certeza de que o patrimônio cultural de Taquara será preservado da melhor forma dentro das possibilidades atuais e de que a mobilização da sociedade civil em torno do tema preservação não receberá esta triste demolição para lamentar e causar sua desmoralização frente a quem busca o desmonte da cultura da cidade.

Agradeço imensamente a atenção dispensada, contando com o engajamento e coerência desta promotoria para a preservação do patrimônio cultural de Taquara,
Jorge Luís Stocker Jr.